Entrevista com o professor Pedro Paulo Funari

Nós admiramos diversos pesquisadores do mundo clássico. Ainda que tenhamos proximidade com suas pesquisas nem sempre o texto acadêmico é capaz de nos aproximar da pessoa atrás dos títulos. Foi pensando nisso que criamos esta sessão na qual a cada 15 dias iremos apresentar uma breve entrevista com um estudioso do mundo clássico. A intenção não é reproduzir as informações do lattes, mas revelar quais influências e afetos guiaram estas pessoas até o mundo greco-romano.


Para a primeira entrevista do blog, o professor do Departamento de História da UNICAMP, Pedro Paulo Funari, contou pra gente um pouquinho sobre seus gostos e proximidades com o mundo antigo.

Professor Pedro Paulo Funari. Foto: Acervo Pessoal

Quando você decidiu que queria estudar o mundo antigo? Como foi esse processo?

Foi circunstancial, ainda na graduação (1977-1981 USP). Interessava-me por muitos temas e períodos históricos, mas a oportunidade surgiu pela generosidade da Profa. Glória Alves Portal, que aceitou orientar-me. O tema foi-me por ela sugerido, a partir do que lhe fora dito pelo professor espanhol José María Blázquez: o estudo do azeite espanhol, em época romana. Graças a isso, pude aprender idiomas, estagiar na Europa e, depois, ter a oportunidade de diversificar ainda mais meus horizontes e áreas de atuação

Quais são os seus livros favoritos? (antigos ou contemporâneos sobre os antigos)

Cada um tem o seu lado bonito (ognuno ha il suo fascino, como se diz em italiano). Dentre os antigos, o Satiricon, de Petrônio, Antígona, de Sófocles, Os livros proféticos, da Bíblia Hebraica, os Atos dos Apóstolos. Dos modernos, Ernest Renan (Jesus), Léon Homo (Les institutions politiques romaines, de la cité à l’Etat), Moses Finley (A Política no Mundo Antigo), Paul Veyne (Quando nosso mundo se tornou cristão).

Quais são os seus temas atuais de pesquisa?

O mundo antigo fascina-me em muitos aspectos e temas, em particular relacionados à cultura, aos conflitos, às relações de gênero, à cultura material, à vida social. Assim, escrevo sobre a revolta judaica de Bar Kohba (135 d.C.), sobre Rostovtzeff e a historiografia, ou sobre a economia antiga, sempre agenciando os aspectos mencionados acima.   

O que você deseja pesquisar no futuro? Algum tema em especial

Vários temas, claro, quanto mais variados, melhor.  Dentre os temas novos para mim, estão as relações do Mediterrâneo com o mundo persa, da Ásia Central, da Índia e mesmo da China.

Existe algum lugar que marcou a sua relação com o mundo greco-romano/antigo? Qual?

A Espanha e a Grã-Bretanha, países nas quais vivi e pesquisei.

Qual é o seu personagem (ficcional ou não) favorito do mundo clássico/antigo? Por que?

Dentre tantos, um romano, Júlio César, e outro romano, mas também grego e judeu, Paulo de Tarso.

E, para finalizar, qual grego ou romano você chamaria pra um café? Sobre o que conversariam?

Temo que estranhasse o café, melhor seria uma taça de vinho com Sulpicia Lepidina, mulher que vivia em Vindolanda, Bretanha Romana, no final do primeiro século d.C., para tratar de tudo (ser mulher, romana, viver na fronteira, entre outros assuntos).

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