O que é ser brasileiro? A construção da identidade nacional e os clássicos

Ao pensarmos no brasileiro, diversas imagens podem vir à nossa mente: carnaval, futebol, samba, diversidade, ou também pode-se pensar em disparidades sociais, racismo, corrupção. Essas noções podem ser diversas, e as imagens que temos são diferentes e dependem de nossa criação, da construção constante e sem fim de nossas subjetividades.

Bem, independentemente da visão que temos do que é o Brasil, do que é ser brasileiro, o importante é entendermos que essas concepções não são naturais ou eternas, e que nem sempre as pessoas podem ter visto e pensado sobre o Brasil dessa forma. As identidades são construções, e por isso fluidas, e por isso mutáveis e contestáveis.

A ideia do que é ser brasileiro é, então, moldada. Diferentes pessoas e diferentes projetos políticos tentaram construir a identidade nacional. No final do século XIX e no início do XX, no período da Primeira República, havia diferentes projetos de nação para o Brasil. O Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, por sua vez, visava construir também o que deveria ser, em sua concepção, o cidadão.

Ao fazer isso, retomava um aspecto a nós muito caro: a antiguidade clássica. Retomavam Cícero, Homero, Augusto, Alexandre. Retomavam-nos para dizer que o Brasil, assim como o passado clássico, era grandioso, civilizado. Usavam frases em latim para mostrar erudição, inteligência. Inseriam o Brasil em um âmbito ocidental, considerando-se como parte das grandes nações da humanidade, seguindo o caminho da tocha civilizacional que desde a Grécia, pensavam, apagava as trevas da ignorância do mundo.

Construíam, então, um Brasil intelectual, erudito. Porém, nem todo brasileiro possuía formação, sabia latim, conhecia os clássicos. Construíam uma noção de brasilidade que era restrita, fechada em uma parte da população. Afirmavam que o cidadão brasileiro era, então, homem, branco, da elite.

Esses sim seriam os símbolos do Brasil, em suas concepções. Os de fora, por sua vez, que permanecessem excluídos dessa concepção de nacionalidade, as mulheres, os negros, os indígenas, os pobres, esses não teriam vez no Brasil.

  • Mariana Fujikawa

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