
Olá, pessoal! É com grande alegria que damos início ao nosso próximo eixo temático aqui no Blog, como já havíamos anunciado em nossas redes sociais a temática será “Moda e Recepção”. Esse é o primeiro dos textos, uma breve introdução sobre assunto e o que nos levou até ele, os textos que virão em seguir abordarão questões mais específicas dentro desse eixo estabelecido.
Sabe-se que existe uma forte influência dos “clássicos” na estética, tanto na pintura, literatura, cinema, arquitetura e entre outros. Entretanto, nem sempre pensamos nas influências dessa antiguidade nos objetos que fazem parte do nosso dia a dia, como é o caso das roupas que utilizamos. Essas, são parte de como nos apresentamos ao mundo, e dizem muito a respeito de nossa cultura, sociedade, gênero, religião e assim por diante, as vestimentas podem apresentar aspectos objetivos e subjetivos de nós mesmos e dos outros, portanto é um tópico valioso de análise.
Dificilmente, em um cenário do cotidiano, veriamos alguém vestido com togas gregas portando uma coroa de louros ou coisas desse gênero, porém, nos deparamos com diversas pessoas utilizando roupas da marca Nike, a logo rapidamente vem em nossa mente, e mal nos damos conta da relação da marca com a deusa grega da vitória (Nike), está sempre representada como uma figura alada, da qual deriva a simbologia da logo utilizada pela empresa. Esse é um exemplo de recepção que podemos notar no cenário da moda, porém não se restringe a ele.
Durante os séculos XVIII e XIX, foram diversas as influências do neoclássico na moda, o drapeado, os tecidos mais leves são vêm de uma forte influência da estética antiga, ademais, essa influência pode ser identificada na atuação de importantes figuras, como é o caso de Emma Hart, que juntou a estética antiga com a performance, tendo inspirações em achados arqueológicos e obras de arte, revolucionando não somente no campo estético mas também rompendo barreiras de gênero.
As reinterpretações da antiguidade são vistas também durante todo o século XX e XXI, em grandes marcas como Chanel, Valentino, Versace, Gucci e entre outras. O que chama atenção são, que estas reinterpretações têm o poder de causar um impacto visual, de maneira que possibilita tratar e repensar questões raciais, de gênero, padrões estéticos e assim por diante. É claro que essas marcas não são acessíveis para uma grande maioria das pessoas, porém, elas têm grande poder de influência sobre as tendências que podem ser encontradas depois nas chamadas lojas de fast-fashion, e em outras marcas mais acessíveis, sendo assim essas marcas que dominam as passarelas e eventos possuem um grande poder de influência em todo o âmbito das vestimentas, podendo ser visto traços dessas estéticas também nos filmes e produções culturais.
Nos próximos textos abordaremos aspectos mais específicos dessa recepção, como ela se deu no século passado, como atualmente ela vem sendo retomada no movimento Drag, e em contextos marginalizados, entendendo os deslocamentos entre a alta costura, que faz parte de um mercado de luxo, até os movimentos culturais de contestação, em ambientes que se diferenciam do público alvo dessas roupas. Fiquem ligados nas próximas atividades do blog, nos sigam em nossas redes sociais para não perderem as publicações seguintes!
Referências
MILLER, Daniel. Trecos, troços e coisas: estudos antropológicos sobre a cultura material. Editora Schwarcz-Companhia das Letras, 2013.
RHINEHART, Robert. Romans on the Runway: Classical Reception in Contemporary High Fashion. 2021.
- Renata Cristina S. de Oliveira