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Olá, pessoal! Esperamos que estejam todos bem, hoje trouxemos algumas dicas de leituras dos nossos integrantes, se você tem interesse em història antiga e literatura, você provavelmente encontrará algo que lhe agrade para suas próximas leituras! A seguir:
“Os Deuses do Olimpo: da Antiguidade aos dias de hoje, as transformações dos deuses gregos ao longo da História” Bárbara Graziosi
As figuras da mitologia greco-romana são bons exemplos das recepções da Antiguidade! Em sua obra “Os Deuses do Olimpo”, a historiadora Barbara Graziosi, pesquisadora e professora da Universidade de Durham, faz um percurso sobre as divindades gregas, que nos alcançam até hoje, nas mais diversas formas. A autora reconta, de maneira inovadora, os mitos gregos e se propõe a explicar algo muito mais enigmático: como os deuses do Olimpo conseguiram durar mais do que seus seguidores? Sua obra apresenta, inicialmente, a história das divindades helênicas, desde seu nascimento, localizando-os na Grécia Arcaica a partir de Hesíodo e Homero. Adiante, porém, a autora segue os deuses até os dias de hoje, apresentando sua recepção no Renascimento e na conquista europeia nas Américas. Por fim, dedica-se a apresentar os usos da mitologia grega na contemporaneidade, passando por seu diálogo com as religiões monoteístas, transformações discursivas no Fascismo e Nazismo na Europa e representações na cultura pop e nas artes, por exemplo. Dividido em seis partes, o livro de Graziosi caminha do culto aos deuses no período arcaico (c. 800 a 500 AEC) até as suas recepções na cultura e sociedade atuais. Mostrando, assim, que os deuses gregos figuram na História e também ajudam a moldá-la.
GRAZIOSI, Barbara. Os Deuses do Olimpo: da Antiguidade aos dias de hoje, as transformações dos deuses gregos ao longo da História. Tradução: Claudia Gerpe Duarte; Eduardo Gerpe Duarte. São Paulo: Cultrix, 2016.
(Tradução de “Gods of Olympus: A history. London: Profile Books, 2014”)
“A Egiptomania e os Usos do Passado” Leandro Hecko
A obra do historiador Leandro Hecko, doutor em História pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e professor de História Antiga na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), propõe-se a contribuir para a leitura de aspectos do Antigo Egito legados à Contemporaneidade em diferentes formas e linguagens. Sua obra visa apresentar ferramentas de auxílio nas interpretações dos sentido e dos signos da Antiguidade Egípcia nos tempos atuais, dialogando com inúmeras representações: charges, arquitetura, arte funerária, réplicas artísticas, múmias, pirâmides, esfinges, filmes e liturgias. O autor inicia seu livro na busca em definir a egiptomania e o grande quadro que ela compõe na contemporaneidade, busca ainda pelas formas como os antigos egípcios ingressaram nas realidades brasileiras e apresenta a pluralidade temática e de formas de manifestação da egiptomania no Brasil. Assim, Hecko insere a egiptomania no amplo panorama de usos da Antiguidade, permitindo-se, inclusive, fazer uma viagem a Curitiba para definir um recorte de estudos no Museu Egípcio e Rosacruz. Nesse recorte, entende a Ordem Rosacruz como apropriadora de conhecimentos da antiguidade e, portanto, inserida entre instituições que fazem usos das recepções, além de tentar identificar os sentimentos manifestados pelos visitantes do museu curitibano quanto às relações entre o Brasil Contemporâneo e o Antigo Egito.
HECKO, Leandro. A Egiptomania e os Usos do Passado. Campo Grande: Editora UFMS, 2016.
- Felipe Ruzende.
METAFORMOSES DE PAULO LEMINSKI
Pensando de um ponto de vista voltado para a literatura, indico a obra Metaformoses do poeta paranaense Paulo Leminski. Publicada postumamente em 1994, pela editora Iluminuras, conta com um prefácio de Alice Ruiz e com notas de Régis Bonvicino. A presença da antiguidade na obra de Leminski é bastante notada em suas poesias, ensaios e até mesmo traduções, ler Leminski além de ser incrivelmente divertido, é um exercício de alteridade, uma viagem entre culturas, temporalidades e referências; você pode encontrar de poesia russa e antiguidade até o Japão no período do Xogunato.
Metaformoses, sendo uma das obras menos conhecidas do poeta, no entanto, vale a pena ser lida e divulgada, nela, como em toda obra do poeta, encontramos uma infinidade de referências. Assim como em O Catatau, Leminski segue um estilo de prosa poética experimental, na qual ele retoma a obra Metamorfoses de Ovídio, trazendo a mudança como elemento principal. Através de um olhar de Narciso ele nos leva a refletir a mitologia, a escrita e vida em sua matéria mais pura. Fazendo várias alusões às passagens da poesia de Ovídio, Leminski brinca com a linguagem quase como em uma poesia concreta, ele transforma Ovídio e se transforma também, formas não faltam nessa poesia que se faz em prosa e que se faz fábula.
LEMINSKI, Paulo. Metaformoses: Uma viagem pelo imaginário grego. São Paulo, Iluminuras, 1994.
Os Madrazo e Fortuny: Do neoclássico espanhol à moda italiana. de Renata Senna Garrafoni
No último semestre nós do antiga e conexões nos dedicamos ao estudo da recepção da antiguidade na moda. Então, uma das dicas mais interessantes que trazemos hoje é do capítulo escrito pela Professora Dra. Renata Senna Garraffoni, para o livro História Ibérica: ensino, pesquisa e potencialidades, denominado Os Madrazo e Fortuny: Do neoclássico espanhol à moda italiana. Sobre o capítulo, deixo aqui as palavras da autora:
“Neste capítulo, analiso, do ponto de vista interdisciplinar, a relação entre História Antiga, História da Arte e Arqueologia Clássica para criar meios de compreender as camadas temporais entre dois presentes distintos – nosso ao propor a questão, de Fortuny para compreender suas escolhas – e o passado greco-romano. Um desafio, por certo, mas que nos estimula a pensar, como já propôs Lowenthal (1985), como a Modernidade se constrói a partir de manejos múltiplos dos passados.”
O capítulo está disponível no Academia.edu, deixaremos o Link disponível ao final para que possam acessar. Indicamos também, o site da editora para que os que se interessem possam adquirir o livro, organizado por Cláudio Umpierre Carlan, Pedro Paulo A. Funari e Ricardo Luiz de Souza, vocês encontraram diversas temáticas que com certeza irão conquistar aqueles que gostam do tema de História Ibérica.
Link academia.edu:
Link editora:
- Renata C. Oliveira
As versões homéricas (Jorge Luís Borges)
Como dica de leitura, deixo aqui um ensaio de caráter mais teórico que é bastante sucinto mas ao mesmo tempo interessantemente denso do autor argentino Jorge Luis Borges para aqueles que, de uma forma geral, manifestam interesse ou trabalham com literatura e, mais especificamente, traduções. O texto em questão, “As versões homéricas”, ou, “Las versiones homericas” no original em espanhol, nos traz algumas perspectivas fundamentais acerca dos processos que atravessam o ato de traduzir. Borges, como próprio tradutor e escritor, aproveita muito bem de sua experiência para entregar um texto que considero que deva ser um “companheiro” de trabalho, menos para aqueles que traduzem mas mais para quem trabalha com fontes históricas traduzidas. O ensaio foi originalmente publicado em 1932 na obra “Discusión”, podendo ser encontrado no original em espanhol na compilação “Jorge Luis Borges – Obras Completas (1923-1972)” da Editora Emecé. Em português, foi publicada pela Editora Globo em 1999 no Tomo 1 das “Obras Completas”.
Para transmitir o que se propõe, Borges se aproveita de Homero e analisa um pequeno trecho da Ilíada em diferentes versões encontradas na língua inglesa em traduções que vão desde o século XVIII até o século XX. A partir disso, expondo as encontradas variações, fundamenta o argumento de que Homero, (e aqui podemos estender a concepção para qualquer fonte textual antiga) não se trata de um documento imutável fixo ao passado, mas sim de um “fato móvel”, que toma forma conforme cada uma das recepções e traduções empreendidas por incontáveis leitores e autores ao longo do tempo. Dessa forma, Borges solidifica sua proposta por colocar a afirmação de que todas, ou então nenhuma, das traduções é a mais fiel, porque nunca houve um texto original desde Homero, mas sim diferentes interpretações da realidade conforme os contrastes de seus tempos.
BORGES, Jorge Luis. Obras completas: 1923-1972. Editado por Carlos V. Frías. Emecé Editores: Buenos Aires, 1984.
- Guilherme Bohn dos Santos
“A canção de Aquiles”. Madeline Miller (2011)
Em A canção de Aquiles, a escritora e professora estadunidense Madeline Miller apresenta uma releitura da Ilíada, trazendo como narrador Pátroclo, personagem secundário na obra de Homero porém ao mesmo tempo indispensável ao enredo. Utilizando como base não apenas a Ilíada, mas também obras de autores gregos e romanos como Ésquilo e Virgílio, Miller reconta a vida de Aquiles e Pátroclo desde a infância até seu fim, em uma narrativa poética que tem como centro a relação entre esses personagens, lidando também com questões de gênero, sexualidade, entre outros. Os poemas homéricos, a Ilíada e a Odisséia, tiveram e ainda tem grande relevância; presentes até em expressões como “o calcanhar de aquiles”, eles fazem parte do nosso imaginário e durante séculos tem influenciado as mais diversas obras, de Ulisses de James Joyce ao filme Troia (2004) à versões infantis dos épicos, atestando assim a adaptabilidade dessas epopéias aos diferentes tempos e interpretações daqueles que os recontam. Dessa forma, A canção de Aquiles e Circe, segundo livro da autora, publicados em 2011 e 2018 respectivamente, são as versões de Miller desses poemas ressignificados para um novo público e fazem parte desse imenso conjunto de obras que releem e se inspiram nos poemas homéricos.
MILLER, Madeline. The song of Achilles. Nova York: Ecco, 2012.
- Camila Iwahata