A História como Ferramenta ao Combate dos Fascismos Cotidianos e a Formação das Ideologias pelos Jogos

Imagem de divulgação. Instagram: @antigaeconexoes.

Os antigos romanos nos jogos eletrônicos: reflexões sobre cultura jovem, ideologias e usos do passado é o título do trabalho de conclusão de curso que apresentei para me tornar bacharel em História, no curso História, Memória e Imagem da Universidade Federal do Paraná, em dezembro de 2021.  O tema surgiu quando notei os discursos presentes nas comunidades de jogadores, vários deles remetendo à extrema direita, no mesmo estilo de um mais recente, o caso de Bruno Aiub, conhecido online pelo pseudônimo Monark. Em um podcast, Monark teria defendido a legalidade de um partido Nazista brasileiro, o que é contrário à legislação brasileira, sendo crime segundo a lei Nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989. Além da declaração ser profundamente perturbadora, há outra questão que merece atenção: sabemos que podcasts atraem a juventude, assim como os jogos eletrônicos. Percebendo o potencial desses meios em divulgar ideias, surgiram várias inquietações que me levaram a pesquisar a formação de ideologias nos jogos, já que nesses meios virtuais uma personalidade do mundo online sentiu-se confortável o bastante para defender algo que para muitos de nós é abominável.

Não se trata de uma pesquisa que pretende justificar que jogos eletrônicos são a causa da atual insurgência de discursos e símbolos da extrema direita em plena luz do dia, mas argumento que a presença desses discursos nos jogos é um sintoma de um problema maior. Ou seja, os jogos não são a causa dos discursos de ódio, mas um importante vetor por onde se espalham. Como escolhi analisar jogos que tem como panorama a Roma antiga, essa pesquisa é, antes de tudo, uma defesa dos estudos de recepção para a formação de visões críticas sobre o passado e o presente, conforme proposto por Lorna Hardwick e, também, do potencial que a interdisciplinaridade propõe ao estudo da História. Um dos grandes desafios foi constatar, quando iniciei minha pesquisa, a escassez de bibliografia que toma jogos eletrônicos como fonte para historiadores ou historiadoras, razão essa que recorri tanto às teses da pedagogia como aos estudos de linguagem, focando, em especial, as proximidades possíveis com os estudos sobre cinema. Tal metodologia, longe de trazer confusões ou misturar as ideais de diversas ciências, me possibilitou estudar as várias facetas do problema. Seja você alguém que planeja apenas entender como os romanos antigos podem ser manipulados pelos discursos fascistas ou alguém que busque entender mais sobre a introdução de discursos em locais que parecem apolíticos, esclareço que, como gamer, optei por escrever meu TCC de forma a abrir um diálogo tanto com os os amantes dos jogos como com aqueles que estão percebendo o fenômeno de fora e gostariam de entender melhor as dinâmicas e complexidades dessa comunidade. A todos e todas, desejo uma boa leitura.

Link para acesso: http://www.humanas.ufpr.br/portal/historia/files/2021/12/TCC-VERSAO-FINAL-VITOR-GABRIEL-MAIDL.pdf

Referências:

MAGENTA, Matheus. É proibido se dizer nazista ou negar Holocausto no Brasil? O que dizem leis e especialistas. BBC News Brasil.11 de Fev de 2022. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-60338244>. Acesso em 23 de Mar de 2022

SANCHES, Mariana. Caso Monark: por que Alemanha e outros países proíbem o nazismo?. BBC News Brasil. 9 de Fev de 2022. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-60315884>. Acesso em 23 de Mar de 2022

  • Vitor Gabriel Maidl