Parceria – Tópicos Especiais de História da Arte Antiga e Medieval

Imagem de divulgação. Instagram: @antigaeconexoes.

Olá!!

Espero que estejam bem!

Neste post gostaria de apresentar os trabalhos dos e das estudantes do curso noturno de História, da UFPR, o bacharelado História, Memória e Imagem. A disciplina, um tópico sobre história da arte antiga, teve um recorte bem especial, como podem conferir na ementa logo abaixo: discutir arte romana e sua recepção na modernidade a partir da escavação de Pompeia.

Com isso a disciplina foi estruturada em três módulos que abarcaram os seguintes temas: o processo de escavação de Pompeia; os estudos sobre as pinturas de parede e os seus estilos; o estabelecimento da estética clássica como fundante da arte ocidental; o desenvolvimento das disciplinas de História da Arte e Arqueologia Clássica; o Gran Tour e divulgação do sítio por meio da arte e literatura do século XIX; as inspirações e diálogos possíveis com artistas da época como Alma-Tadema, Ulpiano Checa e os pintores bolsistas das Belas Artes do Rio de Janeiro; as obras modernistas que trouxeram os antigos romanos para as vanguardas; o retorno à ordem do entre guerras. 

Esses debates foram feitos nas aulas com discussões de bibliografia específica. Os e as estudantes se dividiram em grupos puderam escolher, a partir destes temas, objetos de interesse para pesquisar e desenvolver produtos de acesso livre. Dada as particularidades do curso noturno, cujo TCC não se restringe a um texto, podendo ser um produto, criar materiais de divulgação científica é fundamental não só para difusão do conhecimento construído em uma disciplina, como também pode gerar ideias para serem aprofundadas em um trabalho de final de curso. 

Seguem os trabalhos realizados por alguns dos grupos, para que tenham uma ideia da potencialidade deste tipo de atividade coletiva e a ementa da disciplina. Esperamos que inspirem novas pesquisas! Leiam, divulguem e, também, nos contem o que acharam!

  • Renata Senna Garraffoni

Professora da disciplina

A ementa da disciplina pode ser acessada clicando aqui.

GRUPO 01 – Teresa Cristina e a Arqueologia Clássica no Brasil

Estudantes: Letícia Anastácio Veras Ré; Maria Giovana Boregio Antigo; Pamelly Vaz de Lima 

Tema: As estudantes partiram da vida da imperatriz Teresa Cristina para abordar um tema pouco conhecido e estudado: as origens da Arqueologia Clássica no Brasil. Nascida em Nápoles, Teresa Cristina manteve intenso diálogo com a região, negociando uma importante coleção de artefatos pompeianos para o Museu Nacional. O trabalho é um e-book ilustrado em que se pode ter uma ideia do que havia na coleção, quase toda destruída no terrível incêndio de 2018. Uma leitura que, além de informativa, serve de reflexão sobre patrimônio, preservação e as condições críticas de alguns museus brasileiros.

Link para acessar o trabalho escrito: https://drive.google.com/file/d/1u63GTv4zstvfaQy-yh54E69QA_BanlyU/view?usp=share_link

Acesso ao e-book (parte 1):

Acesso ao e-book (parte 2):

Link de acesso ao e-book completo: https://online.fliphtml5.com/myvoi/qsrn/#p=1

GRUPO 02 – Nísia Floresta e o diário de viagem

Estudantes: Cosme de Jesus, John Barbosa, Maria Luiza Artimonte, Scheila Ribeiro

Tema: a partir das discussões sobre Gran Tour, o grupo criou um e-book com as principais informações sobre o diário de viagem, recém traduzido para o português, de Nísia Floresta, educadora, abolicionista e feminista. Nísia esteve em Pompeia no século XIX e em várias cidades do mundo antigo, fez várias reflexões conectando seu tempo e o passado clássico, viés pouco conhecido de sua obra. Vale à pena conhecer as narrativas de Nísia e outras viajantes latino-americanas que fizeram o Gran Tour, mas que são menos estudadas que os homens.

Acesso ao e-book:

Link para o download do e-book: https://drive.google.com/file/d/15hqXMBJt2PWTvRczOnTfTBDiW1x8Jr_d/view?usp=share_link

Link para download do diário de Nísia, na tradução publicada pela UFRN: https://memoria.ifrn.edu.br/handle/1044/1661

GRUPO 03 – Os 4 estilos de Mau

Estudantes: Izabella Mucciaccio e Heloisa Vilas Boas

Tema: A partir da constatação na qual há pouco material disponível e acessível no Brasil sobre os 4 estilos de pinturas parietais de Pompeia, definidos por August Mau, no século XIX, as estudantes fizeram uma cartilha sobre o tema. Nela exploram aspectos das escavações de Pompeia, a definição dos estilos com exemplos, além de bibliografia para quem quiser aprofundar os estudos e as pesquisas sobre pintura romana. Uma ótima opção para uso em sala de aula ou para um público em geral que se interessa por pinturas ou arte nas paredes.

Acesso à cartilha:

Link para download do material: https://drive.google.com/file/d/1eIZB7dw6QWm9o-KXCR5RJES0hLk1adRL/view?usp=share_link

Parceria – Disciplina de Laboratório de Pesquisa e Ensino de História Antiga e Medieval

Imagem de divulgação. Instagram: @antigaeconexoes.

Olá!

Espero que estejam bem!

Este post é para divulgar os trabalhos da disciplina de Laboratório que ministrei no segundo semestre de 2022. Como poderão ler na ementa logo a seguir, o objetivo central da disciplina foi trazer à tona os debates em torno do humor romano e sua recepção em nossa cultura. Optei por trabalhar o humor romano com os e as estudantes por ser uma faceta da cultura romana menos explorada nas escolas e, como o Laboratório tem como função primordial reflexões sobre a prática em sala de aula, pensar meios de trazer outras perspectivas sobre o cotidiano antigo me pareceu uma proposta adequada para refletir sobre diversidade cultural e crítica social. 

A disciplina foi divida em alguns módulos temáticos que abarcaram os seguintes pontos: discussões teórica-metodológicas sobre como estudar o humor romano; os debates historiográficos sobre o tema; a documentação material, no caso, explorei com a turma as caricaturas em grafites parietais de Pompeia e seu potencial para expressar o humor popular; o Satyricon de Petrônio como exemplo de como o humor se constrói e circula entre membros da elite e, também, sua recepção no cinema, pelas mãos de Federico Fellini e no cotidiano brasileiro pela tradução ímpar feita por Paulo Leminski no final da década de 1970; além, claro, de como trabalhar história antiga e sua recepção em sala de aula.

Como podem perceber, o tema do humor, além de ser menos conhecido, abre o debate sobre o mundo antigo, pois nele está implícita a crítica dos costumes, o que pluraliza a visão sobre os romanos e romanas. Dada a sua particularidade, sua recepção pode ser pensada em meios outros que não só o branco, masculino, heteronormativo, como também na resistência aos fascismos cotidianos, na proposta de Fellini, ou na busca de liberdade e do pensamento não elitista, conectado mais à esquerda, como propôs Leminski. 

A experiência se mostrou bastante frutífera, gerando quatro grupos que buscaram refletir sobre questões teóricas, mas também disponibilizar materiais que inspirem colegas a proporem atividades interdisciplinares, com uso de tecnologia e debates de temas fundamentais para o desenvolvimento da cidadania entre os estudantes. Os trabalhos são inéditos e inovadores, gostaríamos de deixar à disposição de todos, todas e todes que acreditam em um ensino crítico do passado para construir presentes mais plurais. 

Espero que gostem, usem, divulguem nosso trabalho e, claro, nos digam o que acharam!

Até mais!

  • Renata Senna Garraffoni

Para saber a estrutura da disciplina e seus módulos, clique aqui.

Para conhecer os trabalhos e os materiais desenvolvidos para uso em sala de aula, clique nos links na sequência:

GRUPO 01

Estudantes: Camila Emi Iwahata; Isabela de Oliveira Fedorovicz; Maria Eduarda Siqueira Leite

Tema: Agência das mulheres no Satyricon de Petrônio. A partir de três personagens da obra, Quartilla, Fortunata e a Dama de Éfeso, as estudantes exploram como as mulheres reagem à situação de violência e tomam suas próprias decisões. A aposta é que esse tipo de material provoque uma discussão mais ampla sobre as mulheres na sociedade romana e sua capacidade de ação, destacando seu protagonismo e questionando visões de história nas quais somente os homens são protagonistas. Foi feito no Instagram com o intuito deixar à disposição do público, nas redes sociais, conteúdos críticos sobre o passado romano.

Link para acesso ao trabalho teórico: https://drive.google.com/file/d/1cZiaIFsxn0Ps6Lkbd2IxCNb2PQeP0vjq/view?usp=share_link

Suporte do material:

GRUPO 02   

Estudantes: Alice Tigrinho, Mariana Secco, Sabrina Barbalho, Sophia Liberato 

Tema: A partir das leituras e discussões sobre a diversidade de mulheres no filme Satyricon de Fellini, as estudantes optaram por fazer um trabalho que deixasse em evidência o protagonismo feminino na Antiguidade e sua recepção no cinema. Para isso escolheram dois filmes menos usuais para o trabalho em sala de aula: o filme brasileiro Cleópatra, de Júlio Bressane e o filme Medeia, de Pasolini. Ambos estão fora do circuito hollywoodiano, de fácil acesso e permitem múltiplas interações sobre as ações das mulheres no passado e suas releituras no presente.

Link para acesso ao trabalho teórico: https://drive.google.com/file/d/1_5VtFQHjgTSG2TF9UomXQpPDicY5y_q0/view?usp=share_link

Suporte do material:

Link para download do material: https://drive.google.com/file/d/1UptQWUbQYaGTCwPbAWSJdNTHNL6JxnaH/view?usp=share_link

GRUPO 3

Estudantes: Giulliano Biancchi Araujo, Lucas de Oliveira Gonzaga Teixeira, Rafael Brunatto Ferraz. 

Tema: jogo on-line construído a partir da perspectiva de um liberto pobre. Considerando as discussões sobre humor e pobreza no Satyricon de Petrônio, os estudantes, fazendo uso da ferramenta RPG maker, disponível gratuitamente na internet, idealizaram um jogo em que o protagonista não é um guerreiro conquistador, mas um jovem recém liberto e suas aventuras por uma cidade romana. Os objetivos centrais do trabalho, que resultaram no jogo, foram dois: 1. Trazer a visão da história social de Roma, tendo como protagonista um subalterno e questionar a hipermasculinidade presente nos games em geral; 2. Envolver estudantes e docentes na construção de jogos que possam desenvolver habilidades como a parceria na construção da narrativa em grupo, a pesquisa, a visão crítica sobre o passado e, também, sobre os jogos de mercado, que são parte do cotidiano dos jovens e fontes de relação com o passado romano. Destaca-se que o jogo está em fase de construção, o apresentado nos links a seguir é um esboço da sua potencialidade.   

Link para acesso ao trabalho teórico: https://drive.google.com/file/d/1bp1wJM-D2Hi8hmUjyGiwH8jpu8ru7XbL/view?usp=share_link

Suporte do material: jogo on line – em fase de construção

Link para download Mac: https://drive.google.com/file/d/1MxP7-sB4yz-ZtKtAog8gPC1_JRciFIWr/view?usp=sharing

Link para download Windows: https://drive.google.com/file/d/1zO2begZ0gyru8Fkq0DOjrO87JK_UFcxw/view?usp=sharing

Vídeo demonstrativo:

GRUPO 4

Estudantes: Giovana Carolina Heidemann Maciel e Daniela Macioszek Stier.

Tema: Tendo em vista uma discussão sobre Justiça, as estudantes propuseram um debate sobre as semelhanças e diferenças de contexto entre o crime e a noção de justiça na Roma Antiga e na contemporaneidade. Para discutir como os romanos percebiam estas noções de formas distintas, tomaram como base a Satyricon, de Petrônio, e para problematizar na cultura de massa, optaram por uma personagem bem conhecida dos e das estudantes, a Mulher Maravilha (DC Comics). O objetivo é propor reflexões sobre as diferentes perspectivas de crime e justiça, sobre a presença de herói e anti-herói, sobre crítica social e avanços nas lutas por direitos.

Link para acesso ao trabalho teórico: https://drive.google.com/file/d/1GlFeewa7Hv3c10yKYRQaZJBZTVnuLWsU/view?usp=share_link

Suporte do material:

Link para download do material: https://drive.google.com/file/d/1tUyjXmO0ilwgu7kzrvMqd1uCTzUR_emP/view?usp=share_link

Retrospectiva Antiga e Conexões 2022

Imagem de divulgação. Instagram: @antigaeconexoes.

Olá, pessoal! Esperamos que este post os encontre bem!

É por ele que vamos, hoje, nos despedir do ano de 2022 e anunciar nossa ausência até o próximo ano. Para isso, gostaríamos de fazer uma breve retrospectiva de alguns momentos que marcaram esse período para o grupo e compartilhá-la com vocês. Afinal, vocês são fundamentais para que continuemos com esse ânimo em divulgar os estudos sobre Recepção e História Antiga!

Primeiro, gostaríamos de agradecer a todas e todos que se envolveram em nossa pesquisa temática, que esse ano se dedicou aos estudos sobre Recepção e Moda. Dando origem aos textos publicados aqui em nosso blog, pudemos também contar com a incrível parceria com o grupo de estudos sobre História da Moda da UFJF (@historiadamoda.ufjf), orientado pela Professora Doutora Maria Claudia Bonadio. Por fim, reunimos nossas produções escritas em um material final, uma coletânea que reuniu também imagens para podermos continuar refletindo sobre os impactos das imagens do passado na moda da atualidade!

Além disso, tivemos a alegria de receber professoras e professores em falas incríveis ao longo dos últimos semestres, as quais foram transmitidas por meio de nosso canal no Youtube! Entre nossos eventos, conseguimos a oportunidade de realizar a primeira edição do Percurso Antiga e Conexões, com o qual percorremos as ruas da cidade de Curitiba em busca dos sinais de recepção de gregos e romanos na modernidade paranaense por novas reflexões e discussões.

Por fim (e não menos importante), ficamos honrados em poder concretizar a parceria com a Professora Doutora Jane Kelly de Oliveira (UEPG), compartilhando as análises de seus estudantes acerca da “Recepção da Literatura Greco-Romana no Cinema“! Nessa mesma página de parcerias, reunimos também os materiais elaborados por alunas e alunos na disciplina de Laboratório de Ensino e Pesquisa em História Antiga II (DEHIS/UFPR), voltados para a presença de questões pompeianas e neopompeianas na atualidade.

Agradecemos a todas e todos os colegas, às professoras parceiras e a nossas e nossos leitores por este incrível ano juntos! Esperamos que possamos seguir com essa relação maravilhosa nos meses que se seguem, e que possamos compartilhar mais discussões sobre o mundo antigo e suas conexões com o presente!

Boas festas, bom descanso e até 2023!

Parceria – Recepção da Literatura Greco-Romana no Cinema – Parte II

Imagem de divulgação. Instagram: @antigaeconexoes.

Olá, pessoal! Esperamos que estejam bem!

Hoje o post vai para a divulgação dos mais novos resultados da parceria entre o nosso grupo e a Professora Doutora Jane Kelly de Oliveira (UEPG)! Dando seguimento aos trabalhos cujo objetivo é analisar as repercussões de elementos literários greco-romanos no cinema, trazemos aqui mais alguns dos textos que resultaram da proposta. Abaixo, os quatro estudos redigidos pelas e pelos estudantes envolvidas e envolvidos poderão ser acessados e baixados em seus links específicos.

Aproveitamos a oportunidade para elogiar o trabalho empreendido por nossas e nossos colegas e agradecer pela oportunidade de continuarmos com essa cooperação. Parabéns e nosso muito obrigada!

Ensaios “Recepção da literatura clássica greco-romana no cinema” – Parte II

I – As Mil Faces do Herói em Percy Jackson: uma análise do herói moderno, de Gabriel Pedro Brigola. Link para acesso: https://drive.google.com/file/d/1BLEngZdPVu4dgfZkZmPIgOPc_BJkme4a/view?usp=sharing

II – Criação do Trágico em Lavoura Arcaica: uma breve comparação do romance e sua adaptação cinematográfica, de Mariana de Bona Santos. Link para acesso: https://drive.google.com/file/d/1An7pGKpk7Que399FXO4Vh5D0odYf4LN3/view?usp=sharing

III – Revisitando um Clássico Grego nos Tempos Modernos: OldBoy (2003) como releitura de Édipo Rei, de Rodrigo Paes. Link para acesso: https://drive.google.com/file/d/11Zv-Bx1jc2BAv3_5rKWqRa7eBfDL_jTp/view?usp=sharing

IV – Sappho – Summer Love: “devo seduzir e dar aos amores?”, de Felipe Kalinoski e Gisele F. Prado. Link para acesso: https://drive.google.com/file/d/1TPX-2oUbJk06LMOmftxxQA0H_lShErym/view?usp=sharing

Antiga e Conexões pelo Brasil: Apresentações Nacionais

Imagem de divulgação. Instagram: @antigaeconexões.

Olá pessoal! Esperamos que estejam bem!

Na publicação de hoje damos continuidade aos relatos sobre nossas participações em eventos. Agora com apresentações e publicações de nossos integrantes em escala nacional, compartilhamos com vocês alguns dos nossos temas de pesquisa e reforçamos nosso convite para que nos acompanhem em próximos eventos. Trazemos, aqui, breves resumos desses trabalhos, de autoria de Heloisa Motelewski e de Guilherme Bohn dos Santos.

Esperamos que apreciem as temáticas, e agradecemos por nos acompanhar!

Orientalismo à romanidade? A criação da vilania antigo-oriental na modernidade em ‘Os Últimos Dias de Pompeia’, de Ambrosio (1913) – Heloisa Motelewski

XIX ENCONTRO ESTADUAL DE HISTÓRIA: usos do passado, ética e negacionismos (ANPUH/SC) – agosto 2022.

Inspirada em um dos temas levantados por minha pesquisa de Iniciação Científica, essa apresentação versou sobre a formação de imagens orientais junto ao passado romano. Mobilizando um discurso moderno cinematográfico, pensei em como o personagem Arbaces era exibido como exemplo de vilão oriental, criando um estereótipo sobre o Oriente desde características como a corrupção, a degeneração e a degradação. 

Apresentação:

Link para acessar a página do Simpósio Temático: Link da página do Simpósio Temático: https://www.encontro2022.sc.anpuh.org/atividade/view?q=YToyOntzOjY6InBhcmFtcyI7czozNjoiYToxOntzOjEyOiJJRF9BVElWSURBREUiO3M6MzoiMTczIjt9IjtzOjE6ImgiO3M6MzI6ImRlZDVhMzllNjNkZGM1NDAxYjk3OWMzNDFiYTI4NTA5Ijt9&ID_ATIVIDADE=173

A Mística Egípcia, a Natureza e o Olhar Orientalizante: a mirada contemporânea sobre o passado romano dos cultos orientais sob a produção de Ambrosio (1913) – Heloisa Motelewski

6º SIMPÓSIO ELETRÔNICO DE HISTÓRIA ORIENTAL: mesa novas mídias e oriente – outubro 2022.

Um dos outros temas que apareceram junto aos problemas levantados pela minha pesquisa de Iniciação Científica, essa comunicação (apresentada de forma totalmente escrita) buscou analisar como os ideais de Natureza são acompanhados de um misticismo qualificado como oriental no filme estudado. Assim, parti do destaque conferido ao culto ilíaco a partir de uma investigação sobre a elaboração dos aspectos visuais da produção de Ambrosio. 

Link para acessar a comunicação escrita: https://simporiente2022mesas.blogspot.com/2022/09/a-mistica-egipcia-natureza-e-o-olhar.html

Link para acessar o livro publicado: https://drive.google.com/file/d/15fhwMuEBPWd2HRLzdQC-R3xcIs142kFN/view

As muitas identidades da vida pós-clássica do mundo antigo na obra de Borges pela figura de Homero – Guilherme Bohn dos Santos

XIX ENCONTRO ESTADUAL DE HISTÓRIA: usos do passado, ética e negacionismos (ANPUH/SC) – agosto 2022.

Pensando a finalização de um ano de iniciação científica, nessa apresentação busquei expor um apanhado geral das temáticas e abordagens que se desenvolveram no relativo período de trabalho.

Dessa forma, expus como o escritor argentino Jorge Luis Borges nos proporciona uma recepção do passado greco-romano que advoga por uma infinitude de interpretações ao olhar para os clássicos. Usando Homero como figura central de alguns contos, o escritor elaborou obras que importam aos próprios estudos da história antiga para pensar as transformações que a antiguidade passa até nossos dias, para isso, utilizou-se das temáticas da memória e das subjetividades. 

Link da apresentação: 

https://www.canva.com/design/DAFJsvkxZto/IZH2nnbJ3SdJFcjydO6Mlw/view?utm_content=DAFJsvkxZto&utm_campaign=designshare&utm_medium=link&utm_source=publishsharelink

Link da página do Simpósio Temático:

https://www.encontro2022.sc.anpuh.org/atividade/view?q=YToyOntzOjY6InBhcmFtcyI7czozNjoiYToxOntzOjEyOiJJRF9BVElWSURBREUiO3M6MzoiMTczIjt9IjtzOjE6ImgiO3M6MzI6ImRlZDVhMzllNjNkZGM1NDAxYjk3OWMzNDFiYTI4NTA5Ijt9&ID_ATIVIDADE=173

  • Heloisa Motelewski
  • Guilherme Bohn dos Santos

A História como Ferramenta ao Combate dos Fascismos Cotidianos e a Formação das Ideologias pelos Jogos

Imagem de divulgação. Instagram: @antigaeconexoes.

Os antigos romanos nos jogos eletrônicos: reflexões sobre cultura jovem, ideologias e usos do passado é o título do trabalho de conclusão de curso que apresentei para me tornar bacharel em História, no curso História, Memória e Imagem da Universidade Federal do Paraná, em dezembro de 2021.  O tema surgiu quando notei os discursos presentes nas comunidades de jogadores, vários deles remetendo à extrema direita, no mesmo estilo de um mais recente, o caso de Bruno Aiub, conhecido online pelo pseudônimo Monark. Em um podcast, Monark teria defendido a legalidade de um partido Nazista brasileiro, o que é contrário à legislação brasileira, sendo crime segundo a lei Nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989. Além da declaração ser profundamente perturbadora, há outra questão que merece atenção: sabemos que podcasts atraem a juventude, assim como os jogos eletrônicos. Percebendo o potencial desses meios em divulgar ideias, surgiram várias inquietações que me levaram a pesquisar a formação de ideologias nos jogos, já que nesses meios virtuais uma personalidade do mundo online sentiu-se confortável o bastante para defender algo que para muitos de nós é abominável.

Não se trata de uma pesquisa que pretende justificar que jogos eletrônicos são a causa da atual insurgência de discursos e símbolos da extrema direita em plena luz do dia, mas argumento que a presença desses discursos nos jogos é um sintoma de um problema maior. Ou seja, os jogos não são a causa dos discursos de ódio, mas um importante vetor por onde se espalham. Como escolhi analisar jogos que tem como panorama a Roma antiga, essa pesquisa é, antes de tudo, uma defesa dos estudos de recepção para a formação de visões críticas sobre o passado e o presente, conforme proposto por Lorna Hardwick e, também, do potencial que a interdisciplinaridade propõe ao estudo da História. Um dos grandes desafios foi constatar, quando iniciei minha pesquisa, a escassez de bibliografia que toma jogos eletrônicos como fonte para historiadores ou historiadoras, razão essa que recorri tanto às teses da pedagogia como aos estudos de linguagem, focando, em especial, as proximidades possíveis com os estudos sobre cinema. Tal metodologia, longe de trazer confusões ou misturar as ideais de diversas ciências, me possibilitou estudar as várias facetas do problema. Seja você alguém que planeja apenas entender como os romanos antigos podem ser manipulados pelos discursos fascistas ou alguém que busque entender mais sobre a introdução de discursos em locais que parecem apolíticos, esclareço que, como gamer, optei por escrever meu TCC de forma a abrir um diálogo tanto com os os amantes dos jogos como com aqueles que estão percebendo o fenômeno de fora e gostariam de entender melhor as dinâmicas e complexidades dessa comunidade. A todos e todas, desejo uma boa leitura.

Link para acesso: http://www.humanas.ufpr.br/portal/historia/files/2021/12/TCC-VERSAO-FINAL-VITOR-GABRIEL-MAIDL.pdf

Referências:

MAGENTA, Matheus. É proibido se dizer nazista ou negar Holocausto no Brasil? O que dizem leis e especialistas. BBC News Brasil.11 de Fev de 2022. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-60338244>. Acesso em 23 de Mar de 2022

SANCHES, Mariana. Caso Monark: por que Alemanha e outros países proíbem o nazismo?. BBC News Brasil. 9 de Fev de 2022. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-60315884>. Acesso em 23 de Mar de 2022

  • Vitor Gabriel Maidl

Os papéis de masculinidade entre Maximus Decimus Meridius e Spartacus

Diretor Ridley Scott revela estar trabalhando em roteiro de sequência de  'Gladiador' - Monet | Filmes
Russel Crowe como Maximus, filme Gladiador (2000). Imagem: divulgação.

O filme Gladiador (2000), de Ridley Scott, foi um sucesso de bilheteria quando lançado. Concorreu em doze categorias do Oscar 2001 e ganhou cinco estatuetas, dentre elas, a de Melhor filme, Melhor Ator para Russell Crowe, Melhores Efeitos Visuais e Melhor Figurino. 

Gladiador narra a história de um General romano, Maximus Decimus Meridius, que, por não aceitar a traição de Commodus – na trama, assassino de seu pai Marcus Aurelius -, é capturado pela guarda pretoriana. Ao conseguir fugir, descobre que sua família também foi assassinada a mando de Commodus e passa por um momento de grande sofrimento, tanto psicológico quanto físico, até que é encontrado desmaiado por um mercador de escravos. Ao passar a viver como escravo, começa a batalhar em jogos gladiadores, até que, em busca de sua vingança, chega em Roma e se depara com Commodus. Esse enredo é, na verdade, uma história criada por Hollywood. Contudo, o que buscamos pensar em nosso texto não são os fatos históricos presentes no filme, mas sim o papel de masculinidade que Maximus interpreta.  

Podemos entender Maximus como um símbolo de virilidade, afinal, ele é forte, corajoso, honrado e um grande líder. Em resumo, o ex-general acaba por incorporar em sua personagem diversas qualidades bem aceitas no projeto de masculinidade viril dos anos 2000. Além disso, Maximus pode ser considerado como um sex symbol, afinal, é interpretado por Russell Crowe, um exemplo de ideal de beleza masculina do período: alto, musculoso e branco.

O personagem principal, caracterizado como um símbolo viril e sexual, também representa em seu figurino esses elementos. Maximus não usa sandálias, afinal, essas são consideradas na sua contemporaneidade ocidental como um estilo de calçado feminino. Dessa maneira, o Gladiador batalha de botas. Ainda, sua armadura é constituída de forma que ressalta seu corpo forte e musculoso, com ombros largos devido às ombreiras, cintos de couro colados ao abdômen e couraças nos braços, criando, assim, certa sensação de poder. 

Para entendermos melhor a construção desse papel de masculinidade, podemos aqui comparar a personagem de Maximus com outro famoso gladiador do cinema hollywoodiano: Spartacus, do ano de 1960. O filme  foi trabalhado por nós três semanas atrás (para ler sobre, clique aqui), nele, o escravo que se tornou gladiador e depois realizou uma das grandes revoltas da Roma Antiga, é estrelado por Kirk Douglas, também um galã do cinema estadunidense no período.

Foto de Kirk Douglas - Spartacus : Foto Kirk Douglas - AdoroCinema
Início da luta entre Draba e Spartacus. Imagem: divulgação

Ao sabermos que Douglas seria um sex symbol, conseguimos traçar comparações entre ambos os personagens e seus papéis de masculinidade. Douglas, em oposição à Crowe, é um homem forte e atlético, mas não corpulento. Spartacus, além disso, está sempre limpo e de barba feita, mudando essa estética apenas em seus momentos de fraqueza e de derrota. Enquanto isso, Maximus sempre aparece com a barba por fazer e com o corpo repleto de marcas de batalha. 

Ademais, a roupa de Spartacus é consideravelmente mais curta que a de Maximus. O primeiro, passa boa parte do filme com uma túnica cinza ou marrom, muitas vezes acima de seu joelho, completando seu vestuário calçando sandálias. Quando lutou contra Draba, suas roupas – ou a ausência delas –  chamaram-nos a atenção. Ambos estão sem camisa, apenas com uma proteção no braço que empunha a arma, e na parte de baixo do corpo, usam o que mais se parece com uma sunga. Essa constituição é quase inimaginável para o filme Gladiador, em que até mesmo a túnica do personagem principal é na altura do joelho ou o passa. Entretanto, não por isso Spartacus deve ser considerado pouco másculo. O personagem também representa as mesmas qualidades que Maximus: forte, corajoso, honrado e um grande líder. 

Com essas breves comparações, questionamos a construção da figura do homem romano a partir desses filmes, visto que, conforme trabalhamos, esses personagens principais podem se parecer mais com o período de criação destas obras do que damos a atenção. Seguindo esse caminho, evidenciamos a existência de diferentes tipos de masculinidade ao longo dos anos e assim, somos capazes de compreender a possibilidade de diversas masculinidades, as quais podem passar longe da heteronormativa viril.

Referências:

Vídeo “Roma no Cinema”, do canal Mitologia Greco-Romana no Cinema. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=-a-9c6wtbJo&t=4015s&ab_channel=MitologiaGreco-RomananoCinema

  • Barbara Fonseca

O ensino online do mundo antigo

Oi gente!
Com aproximadamente um mês sem aulas presenciais, nós e nossos colegas de profissão nos deparamos com diversas dificuldades relacionadas a educação à distância.  Diante disso, no post de hoje sugerimos alguns vídeos que podem auxiliar o aprendizado da História antiga de maneira didática e até mesmo descontraída.

Esperamos que todos estejam bem.

Cena do vídeo “A day in the life of an ancient Athenian – Robert Garland” do canal TED ed. Imagem: divulgação.


TED ed

Como primeira indicação apresentamos aqui os vídeos criados pelo TED ed, canal criado pelo mesmo grupo produtor do TED talks, o qual possui o intuito de disseminar ideias e conhecimentos por meio de conferências de especialistas. A principal diferença do TED ed para o TED talks, é o foco educacional recebido, sendo o TED ed pensado de maneira didática para os estudantes em nível escolar e são realizados em forma de animação em curta duração (cerca de 3 a 6 minutos cada). Entretanto, não por isso são criados por qualquer pessoa. Os responsáveis pelo conteúdo apresentado nos vídeos a seguir são historiadores e literatos da área dos clássicos, por exemplo, Ray Laurence professor de História Antiga na Universidade de Macquaire na Australia e Melissa Schwartzberg professora de ciências políticas da Universidade de Nova York, e afiliada ao departamento dos clássicos da mesma.

O canal aborda diferentes áreas do saber, portanto preparamos duas playlists com os conteúdos que encontramos relacionados a Grécia e a Roma antiga, as quais podemos acessar nos seguintes links:

Playlist TED ed – Grécia Antiga

Playlist TED ed – Roma Antiga

Vale lembrar que para quem não tem familiaridade com a língua inglesa, os vídeos possuem legenda em português disponível.


Crash Course

Com intuito semelhante ao do TED ed, encontramos o canal Crash Course. Considerado um canal educacional pelo Youtube, foi criado em 2012 pelos irmãos John e Hank Green a partir da iniciativa do próprio site em trazer canais e produções originais à plataforma.
No Crash Course encontramos diversos conteúdos, bem como biologia, química, física, história e vídeos sobre o mundo antigo. Assim, como indicação especial, deixamos aqui a playlist intitulada de “World History“, onde encontramos vídeos sobre Mesopotâmia, Egito Antigo, Grécia Antiga, Alexandre, o Grande, Roma Antiga, entre diversos outros conteúdos.

Apesar dessa playlist ser apresentada por John Green, romancista criador dos best-sellers para adolescentes “A culpa é das estrelas”, “Quem é você, Alasca?” entre outros livros. Conforme observamos no fim dos vídeos, há uma equipe por trás da produção, pesquisa e escrita do conteúdo apresentado em que se encontram historiadores e outros especialistas.

Além disso, ainda que os vídeos estejam em inglês, sua tradução automática fornecida pelo o Youtube é de boa qualidade e a velocidade de reprodução do vídeo pode ser diminuída a partir da ferramenta disposta também pelo próprio Youtube.

Ainda no Crash Course há outra playlist intitulada de “Literature 2”, onde em seu primeiro vídeo encontramos a discussão da Odisseia. 

Por fim, o canal ainda dispõe de outros conteúdos acerca dos povos gregos e romanos na playlist sobre Mitologia. Essa é apresentado pelo escritor e produtor Mike Rugnetta e pode ser acessada aqui.


Steve Simons

Cena do vídeo “Clash of the Dicers HD 2014” de Steve Simons. Imagem: divulgação.

No site Ellines, encontramos uma matéria sobre o artista britânico Steve Simons criador de animações a partir de cenas reais que decoram os vasos gregos antigos. Neste link, além de um pouco sobre a história de seu trabalho e do próprio artista, observamos três vídeos: o primeiro deles é uma cena de Aquiles e Ajax jogando durante uma pausa na Guerra de Tróia; no segundo observamos um combate entre guerreiros; e na terceira animação é representado uma cena entre Eros e Afrodite. Apesar de no site encontrarmos apenas três criações de Steve Simons, em seu canal do Youtube encontramos sua obra completa.


Remesal, “Testaccio, el Monte de las ánforas”

A próxima indicação é de um vídeo elaborado pelo CEIPAC (centro para el estudio de la interdependencia provincial en la antigüedad clásica) no qual o professor e historiador da Universidade de Barcelona José Remesal apresenta um conteúdo referente ao Monte Testaccio – uma colina artificial composta por pedaços de ânforas que foram descartadas entre os séculos I e III. O vídeo mostra imagens sobre o trabalho arqueológico que é feito na região, como a tipologia de ânforas e a escavação do monte, e principalmente nos leva a reflexões acerca das questões econômicas e sociais da produção e abastecimento de alimentos, neste caso, o azeite no Império Romano.

O professor Remesal fala em espanhol e infelizmente não há legendas disponíveis para o vídeo.


Entrevistas

Além dos vídeos já apresentados, indicamos também três entrevistas sobre a História Antiga. Primeiramente começamos com duas entrevistas do Historiador e Arqueólogo Pedro Paulo Funari, professor de História Antiga da UNICAMP.

A primeira delas foi realizada pelo grupo de pesquisa Subalternos e Práticas na antiguidade, da USP, em comemoração aos trinta anos da publicação do livro Cultura popular na antiguidade. Funari relata a respeito do contexto em que escreveu o livro, no período de redemocratização após a ditadura militar e como isso foi decisivo para o conteúdo e formato da obra. Ainda discute a utilização de fontes diretas para o estudo da cultura popular na antiguidade, como por exemplo os grafites parietais. E, por fim, trata sobre a situação dos estudos subalternos na atualidade.


A segunda entrevista foi realizada pela UNIVESP, tendo como entrevistadora a jornalista Mônica Teixeira e suscita discussões acerca da fronteira entre as áreas da História e Arqueologia. Funari traz reflexões acerca das duas disciplinas e realiza apontamentos sobre as fontes históricas e as divergências entre as abordagens das fontes escritas e da cultura material. Dessa maneira apresenta reflexões sobre a constituição da História e da Arqueologia como campos disciplinares distintos e a importância da interdisciplinaridade.

Por fim, o professor Funari muda de posição e de entrevistado passa a ser o entrevistador no programa “Diálogo sem Fronteira – História Antiga e nosso cotidiano”, onde entrevista a professora Renata Senna Garrafoni pela rTV Unicamp. Nessa entrevista é discutido temas como a relevância do estudo da antiguidade no século XXI; de que maneira nós brasileiros temos acesso as informações sobre esse passado clássico; qual a relação da História Antiga com a mídia e a preocupação com a veracidade do que se é apresentado por filmes; de que forma nossa sociedade vê os antigos e ainda quais são as especificidades e contribuições dos pesquisadores e pesquisadoras brasileiras para os estudos dos clássicos.


Instagram Os Sentidos da História

Imagem de perfil do Instagram Os Sentidos da História. Divulgação.

Como última indicação, deixamos o Instagram do professor Marcos Moraes. Recém-criado, o perfil tem como intuito difundir e discutir criticamente o conhecimento histórico nas redes sociais.  O professor Marcos dá aula no ensino fundamental há mais de uma década e é formado em História pela UNICAMP.

Epidemias na Antiguidade

La peste à Rome (1869) – Jules-Elie Dalaunay. Imagem retirada do site Stair Sainty Gallery.

Segundo a OMS, epidemia é definida pela “propagação de uma nova doença em um grande número de indivíduos sem imunização para tal”, o termo, um dos mais antigos da medicina, elucida um dos maiores agentes de transformação e vulnerabilidade de toda história humana.  Nesse sentido, o foco do post dessa semana será dado pelas epidemias registradas na antiguidade Greco-romana, denominadas pelas fontes latinas como “Pestes”. Essas novas doenças assolaram Atenas entre os anos de 430 – 427 a.C e o grande Império Romano entre os anos 165 até 205 d.C.

Cabe salientar que somente no século XVIII as “epidemias” passam a ser tratadas como problemas de saúde pública e baseadas em estatísticas (Martelli. 1997, p. 2). Portanto ao analisa-las na antiguidade, recorro ao termo em seu sentido clássico, tendo como base doenças com grande número de infectados e mortos.

Tucídides nasceu em Atenas por volta de 465 a.C, e descreveu a Peste de Atenas no ano 428 a. C em seus escritos sobre a Guerra do Peloponeso. Segundo o historiador, a doença com origem na Etiópia chegou à Ática por meio de barcos de carga e de guerra, provocando dois grandes surtos entre os anos de 430 a.C e 427 a.C.

As muralhas de Atenas de grande eficácia para a proteção militar da cidade, foram inúteis ante a alta propagação da Peste em seu interior. Afinal, para Tucídides a aglomeração de pessoas na cidade, que crescia devido a busca de refúgio por causa da guerra, tornou-se uma das possíveis causas para a propagação da doença, transmitida por meio de alimentos contaminados ou pela água.

Os santuários e preces aos oráculos logo foram descartados como medidas contra a praga. Lotados por cadáveres, os templos refletiam o desespero de um povo que não sabia onde sepultar seus mortos, rompendo com todas as leis sagradas e profanas. O estado de descrença permeou ricos e pobres que diante da efemeridade da vida resolviam gozar o mais rápido possível de todos os prazeres terrenos, já não havia temor ante as leis dos homens ou dos deuses. Incapazes de enfrentar a doença desconhecida, até mesmo os médicos se renderam diante do inimigo invisível. Devido a maior exposição à doença, havia um alto número de mortalidade entre eles.

A partir da análise de restos mortais encontrados em vítimas da doença, o Infectologista grego Manolis Papagrigorakis da Universidade Atenas aponta o micro-organismo Salmonella typhi, responsável pela febre tifoide, como o causador da Praga ou Peste de Atenas.

Entre os inúmeros relatos de Tucídides, que sobreviveu a doença, somos apresentados a um cenário de pouca ou quase nem uma atenção aos enfermos, restando aos mesmos esperarem pela morte ou pela imunidade de forma aleatória. Dessa maneira, a enfermidade levou a morte um terço dos atenienses, inclusive de Péricles, um dos mais celebres lideres atenienses. E, por fim, à derrota na guerra.

Ainda no mundo antigo, agora no Império Romano no ano de 165 d.C., Galeno, renomado médico do exército do Imperador Marco Aurélio, descreveu o que conhecemos hoje como “Peste de Antonina”. A doença acometeu o vasto Império em sua época de ouro, chegando a cerca de 50 milhões de pessoas em todo território romano, com mortalidade de 7 a 10%, a doença alcançou níveis jamais visto até então na história do Ocidente. A doença encerrou a época de ouro do império Romano e levou a morte de milhares de pessoas, entre elas o Imperador Marcos Aurélio.

Entre diversas versões quanto a origem da peste, as mais difundidas foram a profanação do templo de Apolo, no Iraque, por um soldado que deixa escapar uma nevoa pestilenta ao abrir um baú sagrado; e a origem no Egito, tida a partir dos fragmentos de Calpurniano Crepereyo – obra perdida quase em sua totalidade. Contudo se é entendido hoje que as redes de conexões terrestres e marítimas, o comércio e a volta dos soldados romanos em campanha pelo Oriente, foram, na verdade, os principais agentes de propagação por todo o território do Império.

Da mesma maneira que em Atenas, as preces aos deuses foram feitas como recursos desesperados frente a grande calamidade que caia sobre o povo, sem qualquer separação social, ricos e pobres novamente vislumbravam o mesmo destino ante a doença. Contudo diferente da cidade grega, as leias de sepultamento tornaram-se mais rígidas, sujeitando a multa aqueles que ao sepultar seus mortos não o fizessem com devido cuidado e no lugar apropriado. Os corpos, vistos como meios de contagio, deveriam ser transportados até os locais sem passar pelo meio da cidade como forma de proteção. Quanto aos mais pobres, os funerais eram organizados pelo império.

Em meio a um cenário caótico, muitas questões econômicas foram paralisadas e muitos acordos foram feitos com alguns inimigos de Roma. Entretanto, ao perceber o agravamento da epidemia, Marcos Aurélio restabeleceu os cultos aos deuses e reforçou o exército, enormemente desfalcado, com escravos, mercenários e gladiadores. Além disso, houve também o pagamento de tropas auxiliares Germanas, para lutar contra os próprios Germanos e marcomanos.

Segundo especialistas, Roma estava diante de um primeiro tipo de Varíola. Entre as consequências dessa conjuntura, há o aparecimento de charlatões, com curas milagrosas para a epidemia. Entre eles está Alexandre de Abonotico, que segundo Luciano de Samosata:       

             “Alexandre […] Enviou um certo oráculo, também este autófono, para todos os povos atingidos pela peste. Era apenas um verso: Febo de longa cabeleira a nuvem da peste aparta. Esse verso podia ser visto por todos os lados, escrito sobre os portões, como um antídoto contra a peste. Mas produzia o efeito contrário para a maioria, já que, por um certo acaso, logo as casas nas quais o verso fora inscrito se esvaziaram […] A maioria das pessoas que confiavam no verso logo se descuidou e passou a viver bem despreocupadamente, não fazendo nada do que o oráculo mandava contra a doença…”.

Para pensarmos em epidemias na antiguidade em tempo de covid-19, como amparo reflexivo, recorro aos argumentos de Martelli:

             “A explicação mítica parece ser o elo invisível entre as velhas e novas epidemias, como parte do inconsciente coletivo desde os tempos imemoriais, como nos revelam os historiadores das velhas epidemias. A história das epidemias pode nos ajudar a refletir sobre o passado e o presente, embora a predição do futuro pareça um ideal distante pela complexidade das relações ecológicas como potenciais indutoras de novas doenças infecciosas e pelo imponderável das alterações da cultura humana.”. (MARTELLI, 1997, p. 7)

Diferente dos povos da antiguidade e muitos outros assoladas por doenças desconhecidas, atualmente devido os avanços da ciência conhecemos o inimigo que nos aflige e suas formas de transmissão. Contudo, até o presente momento, segundo a OMS, não existem tratamentos específicos para a Covid-19 causada pelo Corona vírus. Assim, a nós que compartilhamos a vulnerabilidade humana frente a doenças, resta-nos fugir do exemplo Romano buscando informações em fontes confiáveis, e se possível, ficando em casa. Por fim lembramos como forma de alento, que a Varíola, responsável por milhões de mortos no Império Romano, foi considerada erradicada pela OMS em 1980.

BIBLIOGRAFIA

ANTIQUEIRA, Moisés. Era uma vez a crise do Império no século III: Percursos de um recente itinerário historiográfico. Unioeste: Revista Diálogos Mediterrâneos, 2015.
CAPITOLINO, Júlio. A Vida de Marco Aurélio, o filósofo. Trad: TEIXEIRA, Claúdia A. História Augusta Vol I. Coimbra: Coleção Autores Gregos e Latinos, 2011.
CRAVIOTO, Enrique Gozalbes. GARCÍA, Inmaculada García.La primera peste de los antoninos (165-170) Uma epidemia em la Roma Imperial. Asclepio: Revista de História de La Medicina y de la ciência, 2007. Enero-junio 7-22. Disponível em: <https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/ibc-63153&gt;. Acesso em: 17 abr. 2020.
MARTELLI, C.M.T. Dimensão histórica das epidemias. Revista de Patologia Tropical – Jornal of Tropical Pathologu. 26(1). Disponível em: <https://doi.org/10.5216/rpt.v26i1.17366&gt;. Acesso em: 17 abr. 2020.
SAEZ, Andrés. La peste Antonina: uma peste global em el siglo II d.C. Santiago: Revista Chilena Infectol, 2016. Disponível em: <https://scielo.conicyt.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0716-10182016000200011&gt;. Acesso em: 17 abr. 2020.
SAMÓSATA, Luciano de. Alexandre ou o falso profeta. Trad: BRETAS, Daniel Gomes. Belo Horizonte: Phaos. 2002, p 35-57
TUCÍDIDES. História da Guerra do Peloponeso. Trad: KURY, Mário da Gama. 4 edição. Brasilia: Editora Universidade de Brasilia, Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais; São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2001.

  • Mikaely Santos